quarta-feira, 26 de agosto de 2009

In Vinus Veritás

O fogo queimando no interior do corpo de Andréia aumentava conforme aquela mão firme e quente subia por sua perna, levantando a barra de seu gélido vestido de seda e desnudando a coxa branca e macia até a altura da cintura fina.
Sua boca protestava.

__ Desgraçado! Filho da Puta! Te odeio!

Mas o quadril, comprimido entre a parede da sala e o corpo do homem, não sabia mentir, entregando a verdade nos movimentos que fazia, esfregando- se "vulgarmente" em busca de satisfação nos volumes da cintura colada a sua.
Com a outra mão o homem, cujo nome era Flávio, puxou para tráz os perfumados e lisos cabelos loiros da mulher, abrindo assim caminho para que seus lábios percorrecem do pescoço alvo ao suntuoso busto decotado!
Nem a boca podia mais mentir, mordia o lábio inferior, como era seu costume quando sentia prazer!
A mão na cintura de Andréia vagava os dedos lenta e suavemente pela pele.
Flávio podia sentir pêlos e poros se arrepiando nela.
Sabia ler os sinais, e aqueles diziam uma única coisa... "Me tome!"
Toda a palma da mão entrou em contato com a barriga trêmula de excitação, Flávio sentiu o piercing do umbigo encaixar- se entre os dedos. Devagar a mão foi escorregando para dentro da calcinha, se apossando dos desejos mais íntimos e pevertidos de Andréia.
Ela tirou o vestido de seda;
Ele, arrancou- lhe a calcinha com um puxão violento na peça de roupa.
Andréia emitiu um grito abafado, mais de prazer do que de dor, e da parede foram ao chão.
Flávio foi preso ao abraço impossível de se desvencilhar das pernas bem depilalas da mulher, unhas foram cravadas em suas costas e, entre gemidos, devorava e era devorado naquela fome insaciável dos prazeres da carne!
Ambos alucinados, entorpecidos pelo cheiro dos hormônios exalados por seus corpos suados e entrelaçados e pela garrafa de Chianti Clássico, consumido momentos antes.

"O vinho!"

Andréia pensou após o sexo.

"É tudo culpa dele! Toda vez que bebemos, dá nisso!"

E olhou para Flávio, dormindo ao seu lado no chão aquecido por seus corpos.
Mais uma vez ela tinha vindo para terminar de uma vez por todas aquela "maluquice" em que se metera, mas novamente após algumas taças estavam transando.
Flávio era um cara incrível, conhecedor de vinhos, sacava sempre de sua pequena adega doméstica a garrafa perfeita.
Esboçou um sorriso ao lembrar a comparação que ele fizera dela com aquele Chianti Clássico que haviam bebido, mais especificamente a cepa que geralmente era utilizada em sua produção.

__ A uva Sangiovese é muito parecida com você!

Ele dissera.

__ Provém da Itália, como sua família, é levemente picante, como você, são bastante ácidos, que é como você se porta com a maioria das pessoas, também parecem ser muito secos, porém, um bom apreciador consegue sentir seu toque adocicado e sabor de especiarias e ervas finas, tornando- se um apaixonado pelos refinados vinhos produzidos com esta cepa!

E pronto! Estava seduzida!
Era incrível como aquele homem conseguia fazer com que ela, sempre tão controlada, perdesse o juízo, fazendo "coisas" que nunca imaginara: Algemas! Vendas! Tapas! Insultos! Fetiches! Depravações!
Não haveria problema, afinal ele também era culto, misterioso, entendia de belas artes, gastronomia, sabia ser romântico... Se ela já não fosse noiva de outro!
Conheceu Flávio num momento de crise, mas agora seu noivado transcorria tão bem! Não era justo continuar a fazer aquilo com seu noivo.
Tudo bem que ele não era tão exótico, mas era um porto seguro! Com o noivo sabia como seria a vida nos próximos trinta anos. Já com o amante, não tinha certeza nem dos próximos dez minutos.
Flávio andava lhe cobrando algumas decisões, uma escolha entre ele e o outro, mas Andréia sempre dizia que estava confusa, ele então enchia a taça dela para que bebesse mais e dizia num sorriso triste.

__ In vinus veritás!
(No vinho a verdade!)

Deitada alí no chão Andréia tomou enfiu sua decisão.
Levantou- se e vestiu- se tomando cuidado para não acordar Flávio. Foi embora silensiosamente do apartamento dele e não atendeu mais suas ligações ou tentativas de encontro.
Ela se casou e algum tempo depois, num dia chuvoso em que se sentia entediada em casa vendo o esposo jogar video- game, resolveu sair e comprar um vinho para beberem juntos.
Escolheu um Chianti Clássico.
Abriu, encheu as taças, sorveram a bebida e o marido comentou.

__ Nossa! Seco esse vinho hein!

Andréia não conseguiu conter o choro que persistiu por muito tempo sem que nada pudesse ser feito.

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