quarta-feira, 28 de outubro de 2009

Tombamento Histórico

A pessoa que me contou sobre esse caso me garantiu ser ele verdadeiro e eu não tenho motivo nenhum para duvidar dela, longe disso. Mas como o tempo ladino já furtou- lhe da memória datas e nomes, optei por não identificar o município até que pudesse fazer as devidas pesquisas sobre o ocorrido!
O tal município, apesar de estar localizado a apenas 50 KM da capital de São Paulo, ainda mantém ares de cidade do interior; Praça com coreto, ruas de paralelepípedo e, é claro, um povo gentil e religioso.
Conscientes da importância da fé e das tradições na vida de um povoado, incomodava aos cidadãos ver a precária condição em que se encontrava sua mais antiga capela, abandonada pela prefeitura após a construção da nova Igreja Matriz da cidade.
As paredes da capela estavam descascadas, suas portas e bancos de madeira, apodrecendo, o interior, depredado... Era horrível de se ver e uma vergonha para o município e seus habitantes que, unidos em uma associação de moradores, circularam pela cidade um abaixo assinado pedindo o tombamento histórico da capela.
Milhares de assinaturas foram recolhidas e um representante foi com a brochura em mãos até o prefeito.

"Exelentíssimo! Nós, seus eleitores, queremos o tombamento da capela velha! Ela é a mais antiga do município, e se encontra em condições deploráveis. Temos que resolver isso!"

O prefeito folheia rapidamente o abaixo assinado pensando em todos aqueles possíveis eleitores e, como bom populista, concorda.

"Sim! Sim! A capela é muito antiga mesmo!"

Mexe na agenda e marca o dia para a cerimônia, encerrando aquela reunião com seu famoso...

"A vontade do povo é minha vontade!"

Enfim, chega o dia! Muita gente vai logo cedinho até a frente da capela para assistir o evento oficial de tombamento, vários comentam se não seria melhor realizar a cerimônia após as devidas reformas, outros respondem que para haver reforma é necessário que a capela seja primeiro considerada um patrimônio histórico!
Nem uma coisa!
Nem outra!
Todos se calam com a entrada dramática do prefeito que vem em pose grega "montado" num trator e, depois de desfilar frente ao seu boquiaberto e confuso eleitorado, começa a derrubar as paredes da capela.

O fato é que o prefeito não havia lido o documento que lhe fora entregue, também não sabia o que era um tombamento histórico, para ele tombar era derrubar! Se o povo queria isso, ele faria! "Aquela capela velha estava caindo aos pedaços mesmo!"

O prefeito foi impedido antes de por abaixo toda a estrutura.
Nunca mais ele foi eleito e nem a capela elegida a marco histórico, mas com certeza se tornou um!
Me foi dito que ainda hoje ela está lá, metade em pé, metade ao chão. Preciso conferir!

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