terça-feira, 2 de junho de 2009

A Morada do Tempo

"para minha irmã"

O tempo passa e as coisas mudam. Sei disso.
Quando era criança, vivia me aventurando pela densa selva do bagunçado jardim de dois metros quadrados da casa de meus avós.
Como experiente explorador fazia escavações arqueológicas, recolhia novos espécimes de plantas (o que deixava minha avó danada comigo... Risos) e me divertia cutucando o saudoso e tímido tatu-bolinha.
Porque lembrei disso?
Antigamente, quando queríamos conversar com outras pessoas, e não podíamos vê-las pessoalmente, sacávamos uma ficha do bolso, à metíamos num orelhão e... Pronto!
Hoje, mal se utilizam os orelhões, que agora são de cartão aliás.
Todo mundo tem celular, e eles não fazem apenas ligações, acessam a internet, mandam emails, tiram fotos, gps, musicas... Até comunidades, que são a grande onda do momento, podem ser acessadas por eles.
Há alguns dias minha irmã tornou-se membro de uma delas no Orkut chamada: Onde estão os Tatus-bola?
O tempo passa, as coisas mudam, mas as pessoas não! Elas podem melhorar ou piorar com o tempo, mas em essência continuam sempre as mesmas.
Minha irmã sempre foi curiosa, e assim continua. Me fez a mesma pergunta da citada comunidade:
"Onde estão os tatus-bola?"
Brincando, respondi:
"No mesmo lugar das fichas telefônicas!"
Rimos com a brincadeira, mas ela me pôs a pensar no mundo instável em que vivemos, e na fragilidade do tempo. Não vemos mais tatus-bola, nem fichas de orelhão ou notas de um real por aí. Nem mesmo o jardim dos meus avós é mais deles! Venderam a casa e se mudaram para Minas Gerais.
A princípio pensar essas coisas me deixou triste, mas sem querer acredito que acertei na resposta.
As fichas, os tatus, as notas e tantas outras coisas, estão sim no mesmo lugar, em nossa lembrança! É ela que devemos preservar com todo carinho e respeito, pois é ela que guarda nossa história, que não nos deixa esquecer de onde viemos e que molda nossa personalidade, nos fazendo melhorar ou piorar como pessoa.
O tempo passa, as coisas mudam, mas, em essência, as pessoas não.
Eu continuo sonhador!

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