sábado, 26 de setembro de 2009

Coração de Mãe

Como um catarro incômodo escarrado da garganta, ele nasceu! Cuspido do ventre amargo de uma mulher que jamais seria realmente sua mãe.
Uma prostituta, que nem mesmo sabia qual dos "porcos" com quem se deitara era o pai daquele parasita que, por nove meses, vinha atrapalhando seus negócios. Para ela, estar grávida era como estar com lepra, ninguém queria uma "puta prenha". O odiou antes mesmo de nascer!
Quando soube da gravidez pensou em arrancar aquela "coisa" de dentro dela, uma colega chegou até a indicar- lhe um comprimido ótimo para isso. Mas era preguiçosa, acomodada, foi deixando... deixando... Até que nenhum comprimido ou médico pudessem fazer mais nada.
Sem opções, o jeito foi esperar e agora, enfim, estava livre!
Não esperou nem mesmo o fim do resguardo para voltar ao trabalho, não era exatamente de dinheiro que precisava, era de crack!
Á noite, no cúbiculo sujo e mofado onde morava, tornou- se comum ouvir não apenas os gemidos da puta sendo currada por qualquer bêbado que tivesse a sorte de ter vinte reais sobrando em seus bolsos, como também o pranto de fome do recém-nascido, que era colocado para dormir em um precário caixote de feira forrado com trapos imundos.
Os fartos seios da prostituta estavam maiores do que nunca, repletos de leite, mas nenhuma gota era para o bastardo, a única vantagem de ter parido era o tamanho que seus peitos haviam ficado, tinha de aproveita- los com os clientes!
Esses, adoravam aperta- los até arrancar gritos de dor da mulher e esguichar o líquido branco e quente por todo o quarto, as vezes até o bebiam dizendo ao vento:

__ É tão vaca que dá até leite!

"Porcos filhos da puta!"

Ela pensava fingindo não se importar com a degradação sofrida no sorriso falso do rosto suado!
E eram tão parecidos com esse animal que chegavam a grunhir enquanto penetravam com seus pênis o "rabo" daquela "vaca", cujo ânus já alargado pela "vida" nem sentia mais o coito.
Eram, em sua maioria, homens brutos, violentos, crescidos no abandono e de alma forjada por todo tipo de drogas. Sem nunca terem recebido amor, também não sabiam dar! Encontravam em mulheres como aquela satisfação física e uma morbida excitação em impingir a dor, como se tomassem o que não tiveram e devolvessem o que haviam recebido.
Eram violentos! Eram insensíveis! Eram porcos!

"Porcos filhos da puta!"

Eram todos filhos dela!

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