quarta-feira, 2 de setembro de 2009

Uma Flecha ao Léu

Subitamente a dor se foi! Nelson sabia que aquele seria o momento. Queria aquilo, mas não se podia dizer que estava feliz! Era impossível quando se estava morrendo!

"É bom parar de sentir dor!"

Não pensava só no corpo desgastado pela doença, o espírito era o mais abatido!
Sua vida sempre fora incrível! Vinha de berço, era bonito e confiante, sua namorada era linda, a amante ainda mais! Se formara em publicidade e era fotógrafo de uma das maiores agências do país, viajava o mundo fazendo o que gostava.
Tudo dava certo, não era difícil prever um futuro glorioso para ele... Até o imprevisto!
Câncer! Aos trinta anos!
Teve que parar de trabalhar, de viajar. Foi confinado a um quarto de hospital.
A beleza se esvaiu em sessões de quimioterapia e rádioterapia! A confiança também!
A namorada não aquentou a barra e se foi, a amante já estava em outra!
Para lhe acompanhar veio a dor, essa não desgrudava.
Todo o dinheiro não servia de nada, era ainda pior.

"Se fosse pobre pelo menos já teria morrido em algum hospital vagabundo!"

Era o pensamento nas crises mais brandas. Nas mais agudas só clamava por Deus! E sempre se considerou um ateu, tolo! É em momentos como esse que um homem descobre no que realmente acredita.
Agora a dor havia partido e em breve ele também partiria.
Fechou os olhos para que a vida toda passasse diante deles. Não viu nada!
Esperou então o tubo de luz que o levaria ao outro lado.
Nada!

"Porcaria!''

Pensou inconformado

"Pelo jeito nem mesmo a morte certa é previsível!"

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