domingo, 6 de setembro de 2009

Somos todos vitruvianos!

Deixo claro que o 'quadrado' não é nenhuma teoria criada por mim!
Tive contato com ele numa aula de história da arte (mais especificamente sobre o construtivismo russo para os interessados) ministrada pela Prof° Dr° Magnólia Costa, e é fruto de anos de estudo dos mais brilhantes pensadores de nossa história.
Em alguns raros momentos de nossa vida temos a oportunidade de expandir nosso horizonte. E isso é tão bom! A possibilidade de ver certas coisas com maior clareza e ver detalhes antes desconhecidos.
Há quem considere a ignorância uma benção! Pois ao meu ver, se ela é uma benção, é uma benção egoísta e autodestrutíva. Tudo bem que muitas vezes o conhecimento nos coloque a par do pior que existe no ser humano, nos cause frustração e tristeza! Mas, se não tomarmos conhecimento de todos os nossos 'EUs' e de nosso 'NÓS', estaremos fadados a repetirmos cegamente os nossos erros, prejudicando outros e nós mesmos e, o que acho mais triste, sem nunca sabermos em quais momentos estivemos certos.
A mencionada aula sobre o construtivismo russo foi para mim um desses momentos onde nossa mente se abre, reduzindo, um pouco ao menos, o condicionamento cultural ao qual começamos a ser submetidos 2000 anos antes de nascermos.
Portanto, se a teoria do 'quadrado' em sí não é minha, os pensamentos a que ela me levou são. É bem provável que em alguns pontos minhas idéias cruzem com a de outros pensadores do passado, ou mesmo com as suas. Assim espero! Pois o caminho do conhecimento deve ser formado por diversas trilhas do saber entrelaçadas e não pela estrada única do absolutismo.
Há quem diga que o homem inventou a roda. Acho mais correto dizer que ele a copiou!
O círculo é a forma geométrica mais decorrente na natureza.
Da observação de uma pedra rolando por uma encosta até a confecção de uma roda foi questão de associação. Não estou dizendo que não tenha sido necessária inteligência para isso, mas creio que a verdadeira criação do homem (e talvez sua criação máxima!) tenha sido o 'Quadrado'!
Um formato que não existe na natureza, que homem algum jamais havia visto para poder reproduzi- lo. É o quadrado o símbolo da razão humana, e é sobre ele que erguemos nossa sociedade.
Exagero!?
Pare para pensar em nossa 'visão' e em nossa 'visão de mundo'.
Nosso olho, pupila, retina, córnea... Tudo em nossa vista é redondo, fisicamente nossa 'visão' também! Mesmo assim nossa 'visão de mundo' é quadrada! Basta ver o formato de nossas fotos, nossos quadros, a tela de nossa TV, a forma de nossos livros... Quadrados!
Se isso não for suficiente temos ainda nossa divisão de espaços: Lotes, blocos, quarteirões, até o planeta em que vivemos, que apesar de ser arredondado por natureza fizemos questão de dividi- lo em meridianos e trópicos como num tabuleiro de xadrez.
Nossos cômodos são quadrados: sala, quarto, cozinha... Nos cercamos tanto deles que nem mesmo os percebemos mais.
Nós mesmos estamos nos tornando quadrados e isso nos afasta cada vez mais de nosso ponto natural.
Em 1508 o Papa Júlio II procurava quem pintasse o teto da Capela Sistina, pediu então para Michelângelo uma prova de sua habilidade como artista. O pontífice recebeu surpreso do pintor um círculo perfeito, desenhado a mão livre!
O circulo é o símbolo do infinito, alpha e ômega em união perfeita, sem início ou fim, o diagrama da divindade!
Por volta da mesma época, outro renascentista, Leonardo da Vince, fez um desenho que se tornaria famoso até os dias de hoje: O homem vitruviano, que consiste na figura de um homem dentro de um círculo, sobreposta à mesma figura masculina, mas em posições de braços e pernas um pouco diferentes, dentro de um quadrado.
Gosto de olhar para o homem vitruviano e refletir sobre a luta entre a razão e a espiritualidade.
Talvez sejamos como ele, pessoas divididas entre o bem e o mal, o racional e o espiritual...
Entre o círculo e o quadrado.

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